O Valor do Atendimento Humano e a Missão de Preservar Empregos

Vivemos uma era de profundas transformações. O comércio eletrônico, as grandes plataformas digitais e a chamada “uberização” da economia mudaram radicalmente a forma como consumimos e trabalhamos. Se por um lado essas mudanças trouxeram conveniência, rapidez e preços competitivos, por outro lado criaram efeitos colaterais graves para a sociedade: desemprego, precarização do trabalho e enfraquecimento do comércio local.

Gerar empregos sempre foi uma das maiores missões do empresário. Mais do que vender produtos ou serviços, cada negócio é uma engrenagem que sustenta famílias, movimenta a economia e mantém a vida nas cidades. Porém, essa missão não pode ser vista como isolada: o consumidor também faz parte desse pacto social.

Ao escolher comprar em uma loja física ou apoiar empresas que mantêm atendimento humano, o cliente está ajudando a preservar empregos e a fortalecer sua comunidade. O clique online gera conveniência; já a compra no comércio local gera dignidade e oportunidades.

O crescimento acelerado dos grandes e-commerce (Mercado Livre, Amazon, Magalu, entre outros) trouxe ganhos de escala, mas também resultou em:
• Desemprego em massa, com fechamento de lojas e perda de postos de trabalho;
• Concentração de riqueza, onde poucos grupos ficam com a maior parte do faturamento;
• Esvaziamento urbano, já que ruas e bairros perdem vitalidade quando o comércio físico desaparece.

Sem políticas de equilíbrio, o comércio tradicional corre o risco de definhar, levando consigo milhares de empregos que sustentam a economia real.

Outro fenômeno é a dependência de milhares de trabalhadores de plataformas bilionárias de entregas e transporte. Embora gerem oportunidades imediatas, esses serviços criam vínculos frágeis, perda do vínculo patrão-empregado que drena o capital circulante do nosso estado(o lucro vai embora).

Se não houver regulação, a sociedade trocará empregos formais e sustentáveis por uma massa de trabalhadores precarizados e descartáveis — uma economia que parece dinâmica, mas é, na verdade, frágil e insegura.

Cabe aos governos e aos políticos resguardar a geração de empregos humanos, garantindo:
• Políticas de incentivo ao comércio local, com linhas de crédito e desoneração tributária;
• Legislação diferenciada para reconhecer a importância social do comércio tradicional;
• Equilíbrio regulatório, exigindo que grandes plataformas contribuam de forma justa com impostos e responsabilidades sociais;
• Campanhas de conscientização para mostrar ao consumidor que comprar local é um ato de cidadania.

A economia humana precisa ser defendida. Empresários, consumidores e governos formam um tripé essencial para preservar empregos, dignidade e futuro.

No fim, a escolha é coletiva: queremos uma sociedade dependente de algoritmos globais ou uma economia viva, humana e enraizada em nossas comunidades?

Porque sem comércio tradicional não há empregos, e sem empregos não há futuro.

Marcello Moura é empresário, idealizador do movimento Cidadania empreendedora e presidente do CDL Rio Branco.