Você conhece algum Luiz?
Luiz, depois de muito negar seu bloqueio de reter o próprio dinheiro, teve consciência e com muito esforço conseguiu parar de torrar tudo o que recebia. Rompeu o comportamento “gastão” e passou a guardar parte do dinheiro. Foi considerado um sucesso entre os amigos, familiares e colegas. Paralelamente, o humor foi mudando. Deixou de ser brincalhão, ficou mais sério e assim permaneceu por alguns meses. E o dinheiro? Foi sendo guardado. Um determinado dia, Luiz apareceu com um largo sorriso nos lábios e a mesma alegria que mostrava antes de começar a controlar as finanças. Todos quiseram saber qual era receita da felicidade e ele contou embevecido de orgulho: “peguei o dinheiro que havia guardado e dei entrada em um carro”.
A lição de Luiz
Vamos analisar um pouco a história de Luiz: se o bloqueio dele era não conseguir reter dinheiro e ele comprou um carro, o que pensar? Alguns acreditam ser um bom negócio, pois assim ele adquiriu um patrimônio e não perdeu tudo. O pensamento em parte está certo, por outro lado, ele acabou adquirindo uma dívida e nãoconseguiu reter o dinheiro. Se em algum aspecto o comportamento mudou, o significado não. Quais são as hipóteses do significado em ficar sem dinheiro para Luiz?
• Manter-se próximo a família que é muito comprometida financeiramente?
• Continuar sentindo-se “sem dinheiro”, uma verdade que não consegue mudar em sua mente, independente do dinheiro que tenha?
• Dar razão ao que ouvia desde criança “você nunca conseguirá nada na vida”?
• Melhor feliz e pobre que rico e triste.
• Tudo isso ao mesmo tempo? Nada disso?
Ter consciência é importante, mas não é tudo
Analisar um comportamento repetido abre caminho para apreender qual é a motivação que causa determinada atitude. Embora adquirir consciência de um bloqueio seja fundamental, não é garantia de predominar sobre ele. Mas,por que não? Ter consciência é um passo, analisar o que faz com que algo permaneça direcionando as atitudes é outra história. Por mais paradoxal que seja, repetimosacontecimentos nocivos, muitas vezes, sabendo exatamente o que estamos fazendo.
Qual é a saída?
Como superar isso? Qual é a receita? Primeiro, pensar, refletir, sobre o efeito e a motivação de um determinado hábito. Depois decidir, genuinamente, mudar e, por fim, ter disciplina para manter a decisão. Somente assim, poderemos desvelar aquilo que escondemos de nós mesmos para evitarmos a repetição da decepção programada.
Mais uma saída
O movimento Cidadania Empreendedora que está promovendo a Olímpiada de Educação Financeira, em Rio Branco – Acre é uma brilhante iniciativa e um caminho para mudar a mentalidade e trocar decepção por educação conhecimento e boas práticas.
Márcia Tolotti
Psicóloga, psicanalista especialista em psicofinanças
Consultora projeto Cidadania empreendedora